Você tem um filtro de sonhos pendurado na sua janela? Sabe para
que serve ou como funciona? Não? Então descubra aqui porque estas lindas teias
de caçar sonhos fazem tanto sucesso. E boa noite!
Os filtros de sonhos definitivamente estão na moda. É possível
encontrá-los em quase todas as lojas de artigos esotéricos. E, embora o nome,
filtro de sonhos (ou dream catcher, em inglês), já seja bem sugestivo,
nem todo mundo sabe exatamente para que servem estes belos objetos redondos,
enfeitados de penas e de contas.
Os dream catchers chegaram ao Brasil vindos dos EUA. Mas lá eles estão
longe de ser uma moda passageira. Quase todas as tribos de índios americanos há
muitos anos já os incorporaram às suas tradições. E as lendas sobre eles correm
por toda parte.
Embora hoje todas estas nações indígenas produzam seus próprios dream
catchers, a história dos filtros começa com os índios Ojibwe (ou Chippewa).
A história dos dream catchers.
Os sonhos desempenhavam um papel fundamental na vida dos Ojibwe. Para
este povo que vivia na região dos Grandes Lagos americanos e que hoje também se
espalha por outras regiões do Novo México, aprender a decifrar as mensagens
reveladas nos sonhos era a tarefa mais importante que as pessoas tinham durante
sua passagem pela Terra. Por causa disto, o dream catcher era uma ferramenta
essencial.
O filtro de sonhos, como ficou conhecido em português, na verdade, não é
um filtro, é uma teia. Os Ojibwe acreditam que, quando a noite cai, o ar se
enche de sonhos, bons e ruins. Alguns destes sonhos, mesmo sendo pesadelos,
podem conter uma mensagem importante do Grande Espírito para nós. Então, na
verdade, estes sonhos são bons sonhos. Mas existem muitos outros sonhos e
energias ruins flutuando à nossa volta e que não são nossos. Estes é que podem
nos fazer mal. É justamente para separar estes sonhos e energias ruins que
existem os dream catchers.
A tradição manda que as teias coloridas sejam penduradas sobre o berço
dos bebês e a caminha das crianças. Os sonhos bons, sabendo exatamente aonde
ir, conseguem passar pelo buraco central da teia, ao passo que os sonhos ruins
ficam perdidos e acabam presos nos fios. Quando os primeiros raios de sol
surgem, os sonhos maus desaparecem. Os círculos são feitos com ramos flexíveis
de salgueiros e revestidos com tiras de couro.
Uma pena é colocada no centro, representando o ar ou a respiração,
essencial para a vida. O bebê, observando a pena dançar ao vento, aprende uma
lição sobre a importância do ar. Além disto, a pena de coruja, feminina, simboliza
a sabedoria. A pena de águia, masculina, serve para dar coragem.
Para captar os sonhos dos adultos, os dream catchers são trançados em
fibra e não com ramos de salgueiros. Por isso são mais resistentes.
“Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio
ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a
aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada.
A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de
cavalo e as oferendas recebidas. Enquanto tecia, o espírito da Aranha falou
sobre os ciclos da vida, do nascimento à morte e das boas e más forças que
atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia: “Se você trabalhar com
forças boas será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza,
do contrário, irá para uma direção que causará dor e infortúnios.” No final a
Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro
dizendo-lhe: “No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para
ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias,
sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do
ar da noite com sonhos bons e ruins.”
O mais belo deste texto é a essência espiritual da natureza atuando, no
caso da aranha, mostrando a “teia da vida” e ensinando que tudo está
interligado. Nos incentiva a prestarmos mais atenção nos nossos sonhos, na
natureza, na nossa vida e em nossa construção; a buscar conexão com Deus e com
a coragem, buscando Luz para rompermos a teia da ilusão e nos construindo cada
vez mais, ligados ao Grande Espírito.
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